terça-feira, 8 de janeiro de 2008


Exposição ao sol compensa riscos de câncer em pessoas com pouca vitamina D

CHICAGO, EUA (AFP) — Os benefícios da exposição moderada ao sol para a saúde podem compensar os riscos associados ao câncer de pele para pessoas com deficiência de vitamina D, principalmente aquelas que vivem em locais mais frios, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira.

Os pesquisadores descobriram que os níveis de vitamina D, calculados de acordo com a quantidade de exposição ao sol, corresponderiam a melhores taxas de sobrevivência para as vítimas do câncer.

Pessoas que habitam países mais quentes no sul, com níveis superiores de vitamina D, tinham muito menos chances de morrer por causa da doença do que pessoas do norte, segundo pesquisa divulgada na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

"Já havíamos demonstrado em trabalhos anteriores que as taxas de sobrevivência para cânceres (próstata, mama, cólon e pulmão) melhoram quando o diagnóstico coincide com a temporada de exposição máxima ao sol, o que indica um papel positivo da vitamina D induzida pelo sol na prognose - ou pelo menos que uma situação de boa quantidade de vitamina D é vantajosa quando combinada com terapias regulares de combate ao câncer", explicou o biofísico Richard Setlow, um dos autores do estudo.

"Os dados atuais apontam para mais indicadores do papel benéfico da vitamina D induzida pelo sol ao prognóstico do câncer", continuou.

A vitamina D, conhecida como "a vitamina do sol" por ser produzida pela pele a partir do estímulo dos raios ultravioleta, tem um efeito poderoso de proteção contra cânceres internos, como o de mama e de cólon.

Mas a nova evidência sobre os benefícios da vitamina - e, por conseqüência, da exposição ao sol - entra em conflito com as mensagens públicas de saúde sobre os perigos de tomar sol por muito tempo, devido ao risco de desenvolver melanoma, o perigoso câncer de pele.

Para explorar os prós e contras da exposição ao sol, pesquisadores americanos e noruegueses analisaram a quantidade de vitamina D gerada por essa exposição em diferentes latitudes do globo, e cruzaram essas informações com dados sobre a incidência de câncer e as taxas de sobrevivência ao câncer em diferentes locais.

Os resultados do estudo mostraram que "as pessoas em latitude norte produziam significativamente menos" vitamina D que aquelas mais próximas do Equador.

Mais especificamente, os pesquisadores calcularam, por exemplo, que os australianos produzem 3,4 vezes mais vitamina D como resultado da exposição ao Sol do que os ingleses, e quase cinco vezes mais vitamina D que os escandinavos.

Em relação aos principais cânceres, como os de cólon, pulmão, mama e próstata, os autores do estudo também descobriram que, enquanto as taxas de incidência aumentam no sentido norte-sul, as de sobrevivência diminuem.

Em outras palavras, enquanto as populações da Austrália e da Nova Zelândia apresentam taxas de câncer mais altas que no Reino Unido, na Suécia, na Noruega e na Dinamarca, elas também sobrevivem melhor ao câncer do que os europeus.

Entretanto, o estudo não analisa a questão de como a vitamina D protege o organismo contra o câncer. Pesquisas anteriores sugerem que a substância evita a reprodução celular fora de controle.

Expor-se ao sol não é a única maneira de aumentar o nível de vitamina D no corpo, segundo Stlow. As pessoas podem buscar fontes da vitamina na alimentação, através de ingredientes como o óleo de fígado de bacalhau e o leite, ou do consumo de suplementos vitamínicos.

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